O regresso do circo
Como o "caso Esmeralda" está encerrado, os jornalistas portugueses – sempre ansiosos por mais uma história de faca e alguidar – regalam-se com o desaparecimento de uma criança inglesa no Algarve. Os noticiários dedicam largos minutos ao caso da "pequena Madeleine" (excelente prolongamento linguístico do "caso Esmeralda"), em directos com testemunhos da população (que naturalmente nada sabe, nada viu, nada ouviu), declarações da polícia (que se refugia no estafado "estamos a investigar"), e ainda, obviamente, com o pedido de auxílio dos pais, repetido até à exaustão.
Verdadeiramente espantosas são as reportagens sobre o modo como a imprensa inglesa aborda o caso, notável exemplo do tema "o jornalismo dentro do jornalismo dentro do jornalismo", que revela o nosso inultrapassável provincianismo (não há nada de que os portugueses gostem mais do que ser tema de reportagem "lá fora"), e o patético egocentrismo da imprensa nacional, sempre em busca das "reacções estrangeiras" e da auto-referência. Tudo isto oferecido em pacotes sentimentalistas, em narrações arrastadas e melancólicas e com Chopin em música de fundo.
Todas as semanas desaparecem crianças em Portugal, levadas para o mundo da pedofilia, da escravatura laboral, da prostituição. As famílias nunca verão o seu rosto na televisão: são casos demasiado vulgares para merecerem um espectáculo mediático.
Verdadeiramente espantosas são as reportagens sobre o modo como a imprensa inglesa aborda o caso, notável exemplo do tema "o jornalismo dentro do jornalismo dentro do jornalismo", que revela o nosso inultrapassável provincianismo (não há nada de que os portugueses gostem mais do que ser tema de reportagem "lá fora"), e o patético egocentrismo da imprensa nacional, sempre em busca das "reacções estrangeiras" e da auto-referência. Tudo isto oferecido em pacotes sentimentalistas, em narrações arrastadas e melancólicas e com Chopin em música de fundo.
Todas as semanas desaparecem crianças em Portugal, levadas para o mundo da pedofilia, da escravatura laboral, da prostituição. As famílias nunca verão o seu rosto na televisão: são casos demasiado vulgares para merecerem um espectáculo mediático.
Etiquetas: identidade portuguesa, jornalismo, televisão
3 Comments:
Tudo Bem, concordo...
Mas a pequena Maddie não tem culpa disto...
Espero que ela represente todas as crianças desaparecidas!
Madeleine não tem culpa das outras crianças desaparecidas! Os pais destas crianças, deveriam aproveitar a publicidade de Madeleine para fazer plantão onde Madeleine foi roubada de sua vida feliz, com cartazes e fotos de seus desaparecidos filhos, deveriam pedir apoio e apoiar a mãe de Maddie!
Todas as semanas? Então estes pais não denunciam...pois existe um site da polícia judiciária com fotos das Pessoas Desaparecidas; lá, para além de Maddie existem 7 outros menores desaparecidos. Onde está o erro? Em quem acreditar???
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