A culpa é tua
Os últimos dias foram pródigos na arte de lavar as mãos. João Soares, Santana Lopes e Carmona Rodrigues envolveram-se numa troca de acusações a propósito da crise financeira que assola a Câmara de Lisboa – num espectáculo pouco edificante – recorrendo a um tradicional instrumento da política portuguesa: a desresponsabilização.
João Soares encarna Lula da Silva: não viu nada, não sabe de nada, é um anjo que serviu a cidade e se houve falcatruas na sua Presidência, ele não foi informado. Mas de uma coisa tem a certeza: a culpa é de Santana e de Carmona. E se calhar, de Krus Abecassis.
Carmona Rodrigues assume o papel de Scarface: dispara em todas as direcções, acusando sem provas e abusando da denúncia sugerida; estranhamente amnésico em relação à liderança de Santana (quando era número dois do executivo), tornou-se o mestre do cliché – com ele “o que conta é Lisboa”, “as pessoas de Lisboa” e “a cidade”. A culpa, claro, é dos partidos. Os tais que permitiram que Carmona fosse Ministro das Obras Públicas e Presidente de Câmara. Malandros.
Santana Lopes, naturalmente, continua a desempenhar como ninguém o papel de Kalimero: ele é o “menino guerreiro” que queria “salvar Lisboa” das garras do lobo mau (Soares), mas “algumas pessoas” e “algumas situações” não deixaram; é tão bondoso, tão bondoso, que soube atempadamente de esquemas ilícitos perpetrados por João Soares e mesmo assim não disse a ninguém, “porque isso compete às autoridades”. A culpa é de Carmona, um ingrato; Marques Mendes, outro ingrato; e de forças obscuras controladas por Darth Vader.
A política portuguesa continua pois a ser um exemplo de virtude. “As pessoas estão de boa-fé”, garantia hoje Santana Lopes na SIC Notícias. Na verdade, a culpa é do mundo, que é mau como as cobras.
João Soares encarna Lula da Silva: não viu nada, não sabe de nada, é um anjo que serviu a cidade e se houve falcatruas na sua Presidência, ele não foi informado. Mas de uma coisa tem a certeza: a culpa é de Santana e de Carmona. E se calhar, de Krus Abecassis.
Carmona Rodrigues assume o papel de Scarface: dispara em todas as direcções, acusando sem provas e abusando da denúncia sugerida; estranhamente amnésico em relação à liderança de Santana (quando era número dois do executivo), tornou-se o mestre do cliché – com ele “o que conta é Lisboa”, “as pessoas de Lisboa” e “a cidade”. A culpa, claro, é dos partidos. Os tais que permitiram que Carmona fosse Ministro das Obras Públicas e Presidente de Câmara. Malandros.
Santana Lopes, naturalmente, continua a desempenhar como ninguém o papel de Kalimero: ele é o “menino guerreiro” que queria “salvar Lisboa” das garras do lobo mau (Soares), mas “algumas pessoas” e “algumas situações” não deixaram; é tão bondoso, tão bondoso, que soube atempadamente de esquemas ilícitos perpetrados por João Soares e mesmo assim não disse a ninguém, “porque isso compete às autoridades”. A culpa é de Carmona, um ingrato; Marques Mendes, outro ingrato; e de forças obscuras controladas por Darth Vader.
A política portuguesa continua pois a ser um exemplo de virtude. “As pessoas estão de boa-fé”, garantia hoje Santana Lopes na SIC Notícias. Na verdade, a culpa é do mundo, que é mau como as cobras.
Etiquetas: Lisboa, política portuguesa
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