terça-feira, setembro 30, 2008

Hugo Chávez, líder no Médio Oriente

E depois dizem que Obama não pode ser eleito devido à sua inexperiência... McCain tem um percurso político notável e uma carreira de grande integridade, mas as suas credenciais em política externa estão muito sobrevalorizadas. Nunca ouviu falar em Zapatero, acha que a Espanha se situa na América Latina, e agora sai-se com esta de Chávez como um ditador das arábias... Bizarro, no mínimo.

Quem chumbou o plano, afinal?

Infelizmente, a atenção extraordinária que os media dedicam aos Estados Unidos não obedece a desejáveis padrões de rigor - em particular quando estão em causa características peculiares do sistema político americano. Veja-se por exemplo a forma como foi descrito o recente chumbo ao plano financeiro da Administração Bush. Na SIC Notícias, Mário Crespo referiu-se à rejeição do "Congresso", ideia repetida por exemplo pelo Jornal de Negócios. Noutro órgão de comunicação social noticia-se que "o Senado dos EUA rejeita plano de Bush". E o JN informa em primeira página que o referido plano foi "chumbado pelos Republicanos".

Nos EUA existem duas câmaras legislativas federais, a Câmara dos Representantes e o Senado. Ao conjunto destas câmaras designa-se Congresso, que, globalmente falando, corresponde ao órgão legislativo supremo nos Estados Unidos. O plano foi votado inicialmente na Câmara dos Representantes (como sempre acontece nas matérias económicas), tendo sido reprovado. Assim sendo, não chega a haver votação no Senado. É errado dizer que o Congresso rejeitou o plano, porque o Congresso no seu todo não se pronunciou.

Por outro lado, não existe disciplina de voto nos EUA. Afirmar pois que um determinado partido foi responsável pelo chumbo de uma proposta denota ignorância pura. No caso concreto, uma breve visita a um qualquer site oficial americano mostraria que houve muitos Republicanos a votarem contra (133 em 198), mas que uma parcela significativa de Democratas também se opôs (95 em 235). Não custa nada ser rigoroso, pois não?

domingo, setembro 28, 2008

Porque há noites felizes

sábado, setembro 27, 2008

Paul Newman

Morreu hoje one of the coolest guys in the world...

O Primeiro Debate: empate técnico

O debate foi bastante monótono. As altas expectativas criadas nos últimos dias faziam prever uma disputa mais entusiasmante, mas Obama e McCain sabem que ainda é demasiado cedo para arriscar em definitivo. De um modo geral, repetiram ideias já apresentadas na campanha, evitaram (e conseguiram) cometer gaffes imperdoáveis e procuraram insistir nos temas centrais das suas candidaturas: McCain falou vezes incontáveis na “experiência” e na sua posição “independente”; Obama falou do “corte com o passado” e de uma “nova era na política americana”.

A primeira meia-hora versou sobre economia e Obama marcou pontos. O seu programa (maior intervenção do Estado, cortes nos impostos para a classe-média, mais subsídios sociais) foi apresentado sem tiques populistas, sendo acompanhado por uma crítica feroz dos erros da Administração Bush. McCain fraquejou neste aspecto essencialmente porque se encontra num dilema político: se apoia um programa de maior intervenção estatal aliena um segmento eleitoral importante do Partido Republicano (os “fiscal conservatives”); se defende um plano clássico de liberalismo económico, alinha com as políticas dos últimos oito anos, responsáveis em parte pelo actual colapso financeiro.

A discussão de política externa foi algo previsível. Obama sublinhou a importância de conduzir uma política multilateral (conversações com adversários, restaurar a boa imagem da América no mundo), visão condenada por McCain como ingénua. Este repetiu as concepções “neo-conservadoras”: a presente “estratégia vitoriosa” no Iraque deve ser repetida no Afeganistão; os russos e os iranianos são comandados por déspotas e devem ser desconsiderados pelos americanos; uma posição de força é a melhor forma de obter a paz e a segurança no mundo. Embora algumas destas ideias não colham entre os observadores europeus, são usualmente bem recebidas pelo americano comum, e parece-me que McCain se saiu melhor neste capítulo (de um ponto de vista eleitoral).

A vitória de Obama na primeira parte foi assim contraposta por esta recuperação de McCain nos últimos 45 minutos, equivalendo o debate a num empate técnico. Mesmo no capítulo da “prestação televisiva” é difícil declarar um vencedor. Obama evitou as divagações; foi seguro, claro e conciso. Teve uma postura presidencial (o que era vital para as suas aspirações). McCain adoptou a imagem de um estadista experiente e saiu-se bem. Nunca olhou para Obama (pois sabe que perde no confronto mediático), mas transmitiu uma sensação de serenidade – contrastando com o aparente desnorte que se apoderou da sua candidatura nos últimos dias. Dia 2 de Novembro há mais, com o debate entre os candidatos vice-presidenciais (Joe Biden e Sarah Palin).

sexta-feira, setembro 26, 2008

Mr Darcy, Elizabeth, Jane Austen, eu e a minha mulher

António Damásio, no âmbito das neurociências, tenta no seu último livro aplicar uma tese originariamente spinozana às funções e operações do cérebro, segundo a qual as emoções não podem ser contrariadas, controladas ou removidas pela razão ou pelo conhecimento que delas fazemos, mas apenas por outras emoções mais fortes que se lhes sobreponham. Isto significa que um amor sucedendo a um ódio prévio terá de ser mais forte que esse ódio, e provavelmente muito mais forte do que se não houvesse ódio prévio.

Em Pride and Prejudice, Mr Darcy e Elizabeth começam por detestar-se mutuamente: ele vê-a como simples e de beleza pouco estonteante, com uma família para a qual dirige um seu preconceito, o de assumir comportamentos rudes "em sociedade"; ela vê-o como um orgulhoso pedante que promove a antipatia social como ideal de vida em comum. Com o tempo, ambos contrariam estas emoções com emoções contrárias: ele vê-se conquistado pela beleza subtil dela que crê incomparável, e toma a sua simplicidade por virtude, eliminando assim os preconceitos anteriores; ela vê o orgulho dele como uma capa de protecção contra as suas fragilidades no âmbito da "sociedade", e a antipatia como mera consequência de uma inaptidão em lidar com os outros. Daí o seu amor mútuo no final parecer ser mais forte que o de todas as outras personagens, por ter sido precedido de um ódio prévio.

Tudo isto me soa demasiado familiar...

Well, you said it...

«O debate político em Portugal é muito pobre.»

Marques Mendes, ex-líder da bancada parlamentar do PSD, ex-presidente do PSD.

A plasticidade do cinema


Este Verão trouxe-nos duas experiências que me espantaram no cinema. Ambas expandem o cinema para lá da ideia original de si mesmo, e tratam-no como um meio artístico não fotográfico mas sim extragráfico, manipulando a tela de projecção ao jeito de uma tela de pintura. Speed Racer mais parece um dinâmico livro de colorir do que um filme, e Hellboy II, pelo desenho das personagens e dos cenários, surge mais como um devaneio da imaginação num festival de cores. Em ambos, a tela é posta como palco que é afinal uma paleta.

É isto ainda cinema? Ou há aqui um alargamento daquilo que pode alcançar?

Coisas que me fazem sorrir e preocupar

«Parece-me que o Rui está a mentir: um pós-doutoramento apenas com 32 anos de idade?! Parece-me demasiado precoce...»

Uma concorrente do programa Jogo Duplo, ouvida ontem à noite

América a votos: venham os debates

Apesar das constantes surpresas que têm caracterizado as eleições presidenciais americanas, não acredito por um segundo que John McCain falte ao debate agendado para esta sexta-feira (que passa na CNN, às 2 da manhã em Portugal), cujo tema principal será a política externa (é provável que haja igualmente questões sobre economia, dadas as circunstâncias). Prometo acompanhar o evento e escrever um texto de síntese/análise. Até lá!

a arte da fuga, 28

Camille Pissarro, Norwood, 1870

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quarta-feira, setembro 24, 2008

América a votos: ponto da situação

Exceptuando pequenas alterações na sequência das Convenções Nacionais dos partidos, a corrida presidencial americana tem-se mantido surpreendentemente estável. Desde o fim de Junho que Obama mantém uma ligeira vantagem, quer a nível nacional, quer nas sondagens Estado-a-Estado (aquelas que contam, em última instância). Uma média ponderada das últimas sondagens coloca o candidato Democrata com 3,5% de vantagem, e com um resultado de 273-265 no Colégio Eleitoral.

Obama mostra-se muito competitivo em Estados determinantes (Ohio, Iowa, Novo México), e até mesmo em Estados tradicionalmente Republicanos, como a Virgínia, Colorado e Indiana. McCain, por seu turno, procura sobretudo defender os Estados que alinharam com Bush em 2004, atacando os elementos mais frágeis da "coligação" Democrata - a Pensilvânia, o Michigan e o New Hampshire. Em todo o caso, não é difícil prever que esta será mais uma eleição muito equilibrada, na linha do que já sucedeu em 2000 e 2004.

Se desejarem um acompanhamento excelente das eleições americanas, sugiro uma visita ao blogue de Nuno Gouveia. Em língua inglesa, o 538 é absolutamente fenomenal, sobretudo para os apaixonados dos estudos de opinião, probabilidades e estatística. Para uma análise mais ligeira, mas igualmente rigorosa, veja-se o Pollster.com.

Recusar os extremos

A recente crise económica tem provocado as reacções esperadas. À esquerda, anuncia-se o fim do mundo, culpam-se os gestores e pede-se mais intervenção do Estado. Pergunta de quem não percebe nada do assunto: não será incorrecto que o Estado - e portanto os contribuintes - se responsabilizem pelos disparates das empresas? Qual é afinal o sinal que se envia para os investidores quando o Estado salva empresas da falência? Que ninguém paga pelos seus erros? Que incorrer em estratégias de risco não traz nenhum potencial prejuízo?

À direita, por outro lado, exulta-se. As falências são sinal de que "o mercado funciona". A crise económica é fabulosa, dizem, porque do desastre surgirão empresas mais fortes, das cinzas renascerá uma fénix. Pelo meio, claro, o desemprego e a miséria sobem como uma flecha. Mas o que importa tudo isso se o capitalismo está de boa saúde? Mau mesmo - péssimo, calamitoso - é o Estado intervir. Isso é que não. Que o mundo pereça, desde que o mercado sobreviva.

Perante estes excessos, questiono: não haverá uma terceira via? Não existirá uma forma de proporcionar uma maior intervenção do Estado - que ponha fim ao autêntico regabofe institucional que tem reinado nas empresas -, sem que essa intervenção equivalha, ao mesmo tempo, a um enfraquecimento da iniciativa empresarial?

segunda-feira, setembro 22, 2008

O que fazer quando um bluetooth ou um telefone nos importuna

Larry David, Curb your enthusiasm, temporada 6.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Kennedy e George Norris


Vale a pena ler este livro, pelo menos, para se saber quem escreveu a citação que acompanha o título deste blogue.

Divagações benfiquistas

Se consta que o Inter de Milão oferece David Suazo e mais uma pipa de massa pelo jovem inútil Di María, não seria de aproveitar já, já, já?

quinta-feira, setembro 18, 2008

Dostoievski e o tempo

Em 1873, no início da sua carreira de jornalista, Dostoievski publicou um discurso de um tal príncipe Mechtcherski no qual se inventariavam instruções do czar aos deputados, algo que a censura não permitia sem a devida licença prévia. Após julgamento sumário, foi condenado ao pagamento de uma multa e a 3 dias de prisão efectiva, que viria a cumprir no início do ano seguinte.

Conta a sua mulher Dostoievskaïa, em biografia que fez do marido, que o próprio Dostoievski cumpriu a pena com grande bom-humor, chegando a afirmar que até lhe tinha dado jeito. Acabou por ter um descanso da hiper-actividade dos filhos, e tendo por companheiro de cela um sujeito que não fazia senão dormir e nunca falava, pôde reler Os Miseráveis de Hugo, obra que muito admirava e que lhe dava jeito ter presente para trabalhos futuros.

No fundo, parece que por vezes a reclusão, mesmo que não auto-imposta, não é necessariamente coisa má: ela funciona como uma espécie de paralização do tempo do mundo, um só momento que permite à alma retomar fôlego. E que melhor maneira de fazer a alma reinspirar do que a (re)leitura dos clássicos?

quarta-feira, setembro 17, 2008

Eu a brincar aos críticos literários


Li ontem o novo livro de Viriato Soromenho-Marques, com José Gomes André a preencher a inovadora categoria de sub-autor. (Porquê?, pergunto eu: ou o livro é conjunto ou não é; se é, há co-autoria, se não é, são dois livros distintos que devem ser publicados à parte. Colocar um segundo autor à margem, com nome entre parêntesis, e com formato de letra mais pequeno, é que não pode ser.)

A parte de Viriato Soromenho-Marques é composta por um conjunto de cinco ensaios atravessados pela ideia de que a tradição constitucional e federal americana, de pacifismo democrata e tendencialmente cosmopolita, se perdeu completamente com o unilateralismo da Administração Bush, que rompeu com o passado dos founding fathers, sendo urgente um regresso a essa América original.

Em geral, é difícil não concordar com o disposto. Mas a ausência de uma fundamentação mais profunda gera alguma desconfiança com a simplicidade desta tese. É que a Administração Bush não caiu do céu nem surgiu de uma revolução militar. Não, ela brotou legitimamente (por duas vezes) do interior do próprio regime americano, e durante alguns largos meses chegou a ter um apoio popular esmagador. Daqui, há dois pontos que gostaria de frisar.

Em primeiro lugar, creio que isso evidencia que não há simplesmente uma ruptura entre a Administração Bush e o passado federal da América, mas uma ruptura dentro da América mesma, em que uma larga porção da população não mais se revê, mercê da sua experiência histórica única hodierna, nos meios de execução dos propósitos originais dos founding fathers. Viriato Soromenho-Marques fala desde cedo no equilíbrio americano entre interesses e princípios, tendo Bush abandonado os últimos em detrimento dos primeiros, mas a verdade é que o "espírito de missão" que habita essa América "vermelha e republicana" traduz a sua crença ilusória no facto de espalharem hoje, mais do que ninguém, os "princípios" da América.

Em segundo lugar, esta América que vai tendo a vertigem da força por ser a primeira superpotência militar da história, não vê as suas ambições refreadas pela tradição constitucional federal, mas pelo contrário vai buscar nela a fonte de legitimidade dessa mesma vertigem de poder, desse seu ânimo apostólico dos princípios. O que me faz duvidar se o constitucionalismo dos founding fathers, e o que foi dele brotando no âmbito do protagonismo assumido ao longo dos tempos pela presidência (p. 162), previu suficientemente a circunstância única que a América atravessa de ser o grande poder militar do mundo, não sendo bastante para refrear a vertigem da força. Nesse caso, mais do que um regresso à América original, seria necessária uma nova América, que compatibilizasse as pretensões originais de cosmopolitismo com a excelência de um poderio militar inigualável, isto é, que se não dividisse contra ela mesma, mas que encontrasse uma tonalidade intermédia entre o vermelho e o azul.

Será que há um direito à palermice?

«- O erro de Portugal foi ter misturado o sangue da raça moura com o da raça judaica e o da raça cristã, porque são antagónicas...
- Mas o que é a raça cristã?
- É que são maneiras de ser distintas que estão entranhadas no sangue, percebe?»

Conversa escutada numa livraria de Lisboa, entre dois dos livreiros, durante esta semana.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Como me sinto hoje


sexta-feira, setembro 12, 2008

Sarah Palin não sabe o que é a "Doutrina Bush"

Tendo em conta que a dita "Doutrina" (que compreende a célebre tese da "guerra preventiva") foi o princípio orientador da política externa americana nos últimos seis anos, o facto de Palin não ter a menor ideia sobre o assunto é algo preocupante. Mas que importa tudo isso? Ela é uma "hockey mom", portanto podemos dormir descansados.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Eu acho que isto acabava com a polémica

Os Republicanos estão furiosos porque Obama, recorrendo a um célebre adágio americano, afirmou que "Podemos pôr batôn num porco, que ele não deixa de ser um porco" (equivalente ao nosso "Não adianta mascarar a realidade"). Dizem os Republicanos que é uma ofensa declarada a Sarah Palin (a qual recentemente afirmou que é um pitbull com batôn).

Vejam pois este belo vídeo, no qual John McCain utiliza a mesmíssima expressão referindo-se a Hillary Clinton.

[Dedicado em especial à malta do "Insurgente", que ficou muito indignada.]

Sobre porcos e batôns

Os Republicanos estão muito indignados devido a um comentário de Obama, no qual este, referindo-se à proximidade entre as políticas de Bush e McCain, afirmou "Pode pôr-se batôn num porco, que ele não deixa de ser um porco". Trata-se de um célebre adágio americano, equivalente ao nosso "não se pode mascarar a realidade". Os Republicanos atacaram Obama, descrevendo a frase como uma ofensa pessoal a Sarah Palin (a Governadora contou uma piada recentemente, comparando-se a um pitbull com batôn).

O curioso é que o próprio McCain já utilizou a expressão vezes sem conta nesta campanha, tal como no passado, quando recorreu à mesmíssima frase de Obama para criticar uma proposta política de Hillary Clinton (cliquem aqui). E só por acaso, Dick Cheney fez o mesmo falando sobre John Kerry. Um nadinha hipócrita, não?

[Especialmente dedicado à malta do "Insurgente", indignada com a "falta de classe" de Obama. Aguardo os seus comentários sobre a "falta de classe" de McCain, de Cheney e da campanha Republicana em geral.]

terça-feira, setembro 09, 2008

He's back!


Como bem disse aquele que eu passo a vida a estudar, toda a excelência tem de difícil o que tem também de raro...

segunda-feira, setembro 08, 2008

Jornalismo nulo

O estado calamitoso do jornalismo nacional assenta sobretudo em duas causas: uma incrível preguiça dos que o praticam; e um desrespeito extraordinário pelo rigor do seu exercício. De um modo geral, os jornalistas preferem que as notícias e os raciocínios aterrem directamente no seu colo, em vez de os procurarem com afinco. E, do mesmo modo, preferem a especulação ao rigor, a conclusão apressada ao juízo maturado e fiel.

Um bom exemplo desta conduta é o hábito dos jornalistas em conduzirem os entrevistados a anuirem às suas próprias questões substantivas, para assim vincularem àqueles uma opinião que, na verdade, foi enunciada previamente pelos próprios jornalistas. Querem um exemplo desta estupenda "indução de opiniões"?

Humberto Costa e Nuno Saraiva entrevistam Jerónimo de Sousa para o "Expresso". A dado passo, o líder comunista critica o Governo, o PSD e o Presidente da República, considerando que há poucas diferenças entre eles. Os entrevistados perguntam então: "Quer dizer que há um triângulo Sócrates, Cavaco, Manuela Ferreira Leite?". Jerónimo responde: "A imagem é interessante". Alguém consegue adivinhar qual é a frase de chamada da entrevista?

Acertaram. Jerónimo de Sousa: "Há um triângulo Cavaco, Sócrates e Ferreira Leite". Aparentemente, pouco importa que o líder comunista nunca tenha proferido a frase, nem sequer tenha dito "concordo inteiramente com essa ideia", ou simplesmente "é exactamente isso". Nada, a não ser "a imagem é interessante". Mas afinal, o que é que isso importa? A realidade vai sendo cada vez mais um território facultativo para o jornalismo actual.

domingo, setembro 07, 2008

O proletariado já não é o que era


Desde quando a classe operária tem quem lhe segure os guarda-chuvas?

sexta-feira, setembro 05, 2008

Do meu baú, 6

Um exemplo das inimitáveis Casas-Cubo em Roterdão.

Apenas um palpite

Agora que o filão da "criminalidade violenta" se está a esgotar, qual o próximo tema bombástico para encher telejornais de hora e meia? A julgar pelo dia de hoje, não é difícil. Preparem-se para ouvir falar do mau tempo, das cheias e das recomendações da protecção civil para limparmos as sarjetas e fecharmos as janelas. Depois das armas e dos assaltos, a chuva torna-se a principal preocupação do país. Tudo isto é fado, certo?

quarta-feira, setembro 03, 2008

Quando é que estreia?

As duas mulheres mais bonitas do cinema actual, o melhor actor europeu das últimas décadas, e o inevitável Woody Allen...

Mesmo que seja uma bodega, de certeza que vale a pena ver.

Quem?!

Parece que Luís Nobre Guedes se terá demitido da direcção do CDS-PP já em Setembro... de 2007. E só agora se soube. A questão aqui não é a de saber como conseguiu Paulo Portas abafar a informação durante um ano inteiro. É, sim, quão insignificante deve ser o CDS-PP no panorama político nacional para, num país onde tudo se agita quando há meia dúzia de assaltos, só um ano depois se saber que um dos vice-presidentes se demitiu.

terça-feira, setembro 02, 2008

Conhecer Sarah Palin (II)

As últimas 48 horas trouxeram várias notícias sobre a desconhecida Sarah Palin, pelo que actualizamos o post anterior com novos factos relevantes.

A sua filha de 17 anos está grávida. A família procurou ocultar esse facto, retirando-a da escola. Recordo que Palin defende o fim da educação sexual nas escolas, a introdução de aulas de abstinência no currículo educativo e considera o sexo fora do casamento como pecaminoso.

A curiosa visão de Sarah Palin sobre as relações sexuais não fica por aqui: a candidata Republicana a vice-presidente defende a supressão da venda de pílulas contraceptivas e de preservativos, pois entende que mesmos os casais heterossexuais não devem recorrer em nenhuma circunstância àqueles instrumentos.

Numa intervenção em Junho deste ano, Palin expôs alguns elementos da sua concepção religiosa. No seu entender, a construção de um gasoduto no Alasca obedecia à vontade de Deus, com evidentes fins humanistas. Cito Palin: “Penso que a vontade de Deus tem de ser cumprida, de modo a unir as pessoas e as companhias para conseguir que esse gasoduto seja construído; rezem por isso, pois”.

No mesmo discurso, Palin referiu-se à intervenção americana no Iraque numa linguagem semelhante, considerando-a um plano de Deus. Citação completa: “Rezem pelos nossos militares, que estão a lutar por algo de bom. Rezem também por este país, e pelos nossos líderes, que estão a enviar [os soldados] para uma tarefa que deriva de Deus. É por isso que devemos rezar, pelo facto de existir um plano e esse ser um plano de Deus”.
Mas há mais. Num talk-show de rádio no Alasca, o anfitrião referiu-se à presidente do Senado (a Democrata Lyda Green, opositora de Palin) como “uma cabra” [bitch] e um “cancro” [cancer] na sociedade americana. Palin riu-se abertamente e não condenou as declarações.
Um modelo de estadista, sem dúvida. Eu passei de preocupado a horrorizado.