Confirmando as previsões gerais, Hillary Clinton venceu em Indiana e Obama triunfou na Carolina do Norte. Todavia,
as margens verificadas constituíram uma meia-surpresa: em Indiana Hillary ganhou somente por 1,5%. Por outro lado, Obama obteve um triunfo esmagador na Carolina do Norte (14% de diferença), conquistando mais 230 mil votos que a antiga Primeira-Dama.
O estado matemático da corrida pouco mudou, tendo Obama ganho apenas mais 15 delegados do que Hillary. Contudo, na
componente psicológica da disputa Hillary saiu fortemente derrotada. Ela apostara num triunfo claro em Indiana e numa eventual vitória na Carolina do Norte, de forma a convencer os superdelegados de que era a candidata mais forte para Novembro. No entanto, os resultados mostraram o contrário: Hillary foi incapaz de apelar ao eleitorado urbano e à classe média-alta, e não conseguiu igualar as margens esmagadoras que obtivera na Pensilvânia entre os operários, os menos educados e a classe baixa.
Como consequência desta noite eleitoral aziaga,
o cenário tornou-se negro para Hillary. A vantagem de Obama em delegados (cerca de 155) é irrecuperável por via exclusiva das primárias, e o triunfo no voto popular é igualmente improvável (Obama lidera por 750 mil votos, quando faltam apenas seis primárias em Estados pequenos). Os meios de comunicação social descreveram Obama como o “presumível nomeado” e afirmaram que a campanha de Hillary está “liquidada”.
Nas últimas 24 horas, três superdelegados declararam o seu apoio a Obama. E por fim, a campanha de Hillary está falida, enquanto Obama respira saúde devido às abundantes doações dos últimos meses.
Tudo está pois consumado?
Olhando para diante, diria que sim.
Obama deverá ser o candidado Democrata. Mas por ora a disputa continua. Nos próximos quinze dias, há eleições na Virgínia Ocidental e no Kentucky, territórios muito favoráveis a Hillary Clinton. Além do mais, é improvável que Hillary desista enquanto o diferendo sobre as primárias da Florida e do Michigan não estiver decidido. E o facto de ontem os Clintons terem recorrido à sua fortuna para financiarem a campanha (injectando na mesma 6,4 milhões de dólares!) revela que
a tenacidade política e pessoal de Hillary não permitirá que a corrida termine abruptamente.