Eleições americanas: ponto da situação
Estes delegados têm presença garantida na Convenção e podem escolher um candidato livremente. Até ao momento, 236 manifestaram o seu apoio a Clinton e 185 a Obama, o que colocaria os resultados totais em 1369 para Obama contra 1267 de Clinton. No entanto, os superdelegados podem mudar de opinião em qualquer altura, o que baralharia estas contas; isto para já não falar dos cerca de 400 superdelegados que ainda não se pronunciaram a favor de nenhum dos candidatos.
Luzes e sombras. Estamos perante um impasse duradouro? Há motivos para não excluir um cenário de prolongada indefinição eleitoral. Como os Democratas adoptaram um sistema proporcional nas Primárias, só vitórias muito expressivas criam diferenças significativas entre os candidatos – e essas têm sido raras. O equilíbrio tem sido a nota dominante e, caso se mantenha esta disputa renhida, a indecisão pode mesmo arrastar-se até à Convenção em Agosto.
Os dados parecem contudo indicar uma tendência diferente. Nas últimas semanas, Obama tem batido Hillary em múltiplas variáveis. Venceu dez eleições consecutivas, criando uma impressionante dinâmica de vitória. Obteve apoios de vários sectores relevantes, desde figuras do Partido aos poderosos sindicatos. Angariou milhões de dólares para sustentar uma campanha multifacetada, que bate Hillary nos anúncios televisivos e na organização de grandes comícios. E as sondagens indicam que ele é já o preferido a nível nacional.
A queda de um anjo. Hillary, pelo contrário, tem acumulado derrotas políticas em toda a linha. A sua campanha dá sinais de clara desorganização, denotando dificuldades para enfrentar o “fenómeno Obama”. A utilização de comentários depreciativos em relação ao seu adversário, o tom negativo da campanha e os sinais de irritação demonstrados nas últimas semanas prejudicaram-na gravemente.
A sua campanha cometeu também vários erros estratégicos. Hillary julgava-se amplamente favorita e concentrou esforços para obter uma vitória esmagadora na Super Terça-Feira. Esse cenário não se verificou, deixando Hillary sem uma estratégia para as Primárias seguintes. Debatendo-se com problemas financeiros e dificuldades logísticas, Hillary chegou mais tarde aos Estados do que Obama e desprezou eleições que lhe podiam ter sido favoráveis (Maine, Virgínia, Wisconsin). As sucessivas derrotas trouxeram vulnerabilidade à sua campanha e lançaram dúvidas entre os seus apoiantes.
O que se segue? Na próxima terça-feira votam quatro Estados. Obama é favorito no Vermont e Hillary em Rhode Island. Estes são no entanto Estados pequenos, pelo que as atenções vão estar viradas para o Ohio e o Texas, que no total valem 334 delegados. Hillary precisa de duas vitórias claras para estancar o “momentum” de Obama e inverter a sua tendência perdedora.
Caso contrário, a sua campanha estará ferida de morte. Hillary poderá até continuar mais algumas semanas (a Pensilvânia, um Estado muito populoso, vota dia 22 de Abril), mas Obama terá reforçado a sua candidatura e não deixará de sublinhar que Hillary dispunha de vantagens colossais nesses dois Estados há apenas um mês atrás.
Previsões. As sondagens mostram que Hillary tem motivos para estar preocupada. Quatro das últimas cinco sondagens no Texas dão vantagem a Obama; e a mais recente (da Rasmussen) mostra o Senador do Illinois com quatro pontos de vantagem. O Ohio é terreno mais favorável a Hillary (últimas sondagens mostram vantagens na ordem dos 5%), mas Obama recuperou 15 pontos em apenas duas semanas – e faltam ainda quatro dias para as eleições. Todos os dados apontam para que 4 de Março seja mesmo o dia da capitulação de Hillary Clinton.