Começam amanhã no Iowa as Primárias dos EUA, as quais irão definir os dois candidatos às eleições presidenciais de Novembro. Trata-se de
um procedimento semelhante a uma eleição partidária interna, que contudo assume um carácter mais geral (porque nela participam todos os Estados) e plural (porque aberto ao voto de não-militantes dos partidos). Através de um complexo sistema de votação, que tem em conta o peso demográfico de cada Estado, os diversos candidatos vão conquistando apoios, que se traduzem na obtenção de um conjunto de “delegados” favoráveis à sua candidatura (mas que reproduzem os resultados da votação popular).
Sendo o Iowa um Estado com uma população pequena (3 milhões, cerca de 1% dos habitantes totais dos EUA),
por que é tão importante esta votação? Essencialmente por dois motivos. O primeiro deriva de um aspecto singular das Primárias: o facto de as votações não serem simultâneas em todos os Estados. As regras do jogo permitem que a população de oito Estados exerça o seu voto em dias distintos ao longo do mês de Janeiro, antes da eleição simultânea de 5 de Fevereiro (na qual votam dezanove Estados) e de outras votações subsequentes.
Porque os resultados são anunciados de imediato,
as eleições nestes primeiros oito Estados têm um formidável efeito psicológico, que muitas vezes condiciona as votações posteriores.
Os candidatos triunfantes no Iowa surgem perante a nação com uma aura vencedora, mesmo que a nível nacional existam outros candidatos mais fortes. Pode haver assim um “efeito dominó”: um triunfo aparentemente inócuo num Estado pequeno transforma-se numa vitória “nacional”, e o candidato salta de forma quase imediata para o topo das preferências em vários Estados.
Por outro lado, o Iowa, Estado predominantemente conservador, serve de importante
barómetro para as possibilidades dos candidatos na disputa final de Novembro. Os Republicanos estão no seu território natural, pelo que é relevante saber se os candidatos “internos” do partido são ou não capazes de mobilizar o seu eleitorado tradicional. Giuliani, por exemplo, tem poucos apoios no Iowa, facto que poderá prejudicar a sua candidatura, mesmo que as sondagens lhe dêem o favoritismo a nível nacional.
Para os
Democratas, esta é uma oportunidade para observarem a sua
capacidade de penetração num eleitorado hostil, sem uma parcela do qual nunca poderão vencer os Republicanos. É certo que Hillary Clinton ou Barack Obama nunca triunfarão em Estados muito conservadores como o Texas ou o Mississipi, mas a obtenção de um bom resultado no conservador Iowa pode ser um bom prenúncio para as hipóteses futuras em Estados decisivos como o Ohio ou a Florida (Estados moderadamente conservadores, com grande peso populacional e votações tradicionalmente equilibradas entre os dois partidos).
:: Última sondagem no Iowa: Republicanos: Huckabee (30%), Romney (27), McCain (12). Democratas: Clinton (29%), Obama (27), Edwards (25).