Todos ganharam? Todos perderam...
“Passei de mota por intermináveis filas de carros parados. Gente que vai perder uma manhã inteira dentro de um automóvel. As greves têm cada vez menos adesões porque a economia é cada vez mais privada. É por isso que o sucesso e impacto de uma greve geral já não se mede pelo número de pessoas que não foram trabalhar. Mede-se pelo desconforto e incómodo que causam nos outros. Mede-se pelo número de pessoas que foram impedidas de ir trabalhar”.
Nem mais. Aliás, parece-me que ninguém recordará o dia 30 de Maio com um sorriso. Os que fizeram greve perderam um dia de salário em vão, porque é óbvio que o Governo não vai recuar na sua política económica e social. Os que não fizeram greve sentiram que traíram os companheiros que não trabalharam e ainda por cima tiveram que levar com o Governo armado aos cucos, a dizer que a adesão foi mínima e que isso é um sinal de que as pessoas estão satisfeitíssimas com as suas medidas. Os sindicatos sofreram um rude golpe face ao evidente insucesso do evento. E o Governo perdeu pontos junto do seu eleitorado tradicional, depois de mais uma performance autoritária e com insuportáveis tiques de sobranceria (quem se lembrou de dizer que este foi um dia de “plena tranquilidade”, em novo exemplo de um absoluto divórcio com a realidade?), desvalorizando uma greve que – apesar de tudo – perturbou e/ou envolveu milhares de portugueses.
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